Relatos de vítimas do médico Wesley Murakami, condenado a mais de 9 anos de prisão por deformar pacientes em Goiânia, no estado de Goiás, demonstram a forma que ele agiu. Entre os depoimentos divulgados na sentença, a que o G1 teve acesso, os denunciantes detalham problemas causados pelos procedimentos, como fortes dores, desmaios e depressão. A justiça condenou Murakami pelo crime de lesão corporal gravíssima contra nove vítimas; os casos aconteceram em 2013, 2017 e 2018.
Uma das pacientes disse que sentiu tanta dor após o procedimento, que não conseguia comer, nem escovar os dentes. Um homem contou que Wesley garantiu que ele ficaria parecido com o ator Cauã Reymond. O que não aconteceu e, por conta da vergonha de sair de casa, sua empresa faliu.
Na sentença há depoimentos de 14 pacientes que denunciaram por complicações após o uso do polimetilmetacrilato (PMMA). Uma das pacientes contou que o procedimento estético contratado por ela demorou cerca de 3 horas e o médico pediu que ela tomasse água com açúcar antes de começar. Ela disse que sentiu muita dor, mesmo com o anestésico local.
DESMAIO, DOR E DESCONFORTO
Uma das vítimas contou que o médico cobrou mais de R$20 mil para fazer um procedimento no rosto dela. Ela narrou que ficou muito inchada e o rosto desconfigurado. Apesar disso, Wesley teria dito que era normal e tudo ia normalizar.
O mesmo relato é comum entre outros pacientes que denunciaram. Todos citam que o médico amenizava a situação e dizia que o inchaço era normal.
No depoimento, uma das pacientes relembrou que o médico cobrou R$35 mil em procedimentos faciais. Na sessão, ela disse que teve que tomar água com açúcar e ser coberta com um cobertor para aliviar as dores e o frio.
“[Ela] percebeu que desmaiou duas vezes durante o procedimento, pois o médico dava leves tapas no seu rosto e a chamava ‘meu anjo, meu anjo, preciso que você fique acordada para terminarmos o procedimento’”, descreve o relato.
Em nota, a defesa do médico afirmou que respeita a decisão do Poder Judiciário e que adotará as medidas judiciais cabíveis ao caso. O advogado André Bueno informou que o cliente vai responder ao processo em liberdade.