Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
Empresa que pertence a Breno Chaves Pinto (União Brasil-AP), segundo suplente do senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), assinou contratos, no fim de 2023 e começo de 2024, para obras de R$ 354,5 milhões com verba federal sob o governo Lula (PT).
A LB Construções foi selecionada para obra de R$ 268 milhões do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), em consórcio com outra empresa. A construtora também venceu três editais da Codevasf, estatal federal controlada por um aliado do senador, que somam R$ 86,5 milhões.
Em nota, Alcolumbre disse que cabe ao governo a contratação e execução de contratos e convênios públicos, inclusive aqueles que usam verbas de suas emendas.
“É atribuição única e exclusiva do Poder Executivo, responsável pelas análises técnicas e de mérito das propostas apresentadas nos respectivos processos licitatórios, que devem seguir as normas e critérios legais estabelecidos, com ampla publicidade e transparência”, afirmou o senador.
Em redes sociais, Alcolumbre comemorou, em agosto, a liberação da verba do Dnit para obras no Amapá. “Meus agradecimentos ao presidente Lula pela oportunidade de liberar recurso significativo para a gente realizar essa obra tão importante para o estado do Amapá”, disse o senador após o conselho do órgão dar aval aos editais.
Em nota publicada em novembro, o senador também celebrou valores obtidos pela Codevasf, “articulados pelo próprio”, para pavimentar vias do Amapá.
O serviço contratado pelo Dnit é para melhoramento e atualização do pavimento de um lote da BR-156. Já as obras da Codevasf são de pavimentação em bloco de concreto e asfalto em diversos municípios do estado.
O jornal O Globo mostrou que a outra empresa de Breno Chaves Pinto, a Rio Pedreira, foi contratada em 2022 para executar convênio do Governo do Amapá com a Codevasf. O serviço de R$ 100 milhões foi anunciado pelo então governador do estado, Waldez Góes, atual ministro do Desenvolvimento Regional, e utiliza verba de emenda de Alcolumbre.
Por causa de contratos dessa empresa, a Rio Pedreira, Breno foi um dos alvos de busca e apreensão da Polícia Federal na Operação Candidus 2, em dezembro de 2022. Os investigadores afirmaram, em representação entregue à Justiça, que havia “indícios de superfaturamento” na execução do contrato com o Dnit.
A estrada citada no inquérito da PF é a mesma em que a empresa LB agora deve realizar obras no novo contrato com o Dnit. O suplente de Alcolumbre disse que “não pesa contra a mesma [a empresa Rio Pedreira] qualquer indício ou mera menção de superfaturamento na execução ou no contrato referente ao trecho para o qual fora contratada”.
A PF ainda encontrou cerca de R$ 740 mil distribuídos em armário, gaveta e mochila de Breno durante a busca e apreensão. O empresário disse que o valor apreendido já foi devolvido e tinha como origem um empréstimo bancário.
Os investigadores apontaram suspeitas de que a empresa de Breno cometeu fraude na compra e venda de madeira com inserções de dados falsos no sistema do Ibama. O suplente de senador afirmou que, neste caso, foi vítima de uma empresa subcontratada para reforma de pontes.