Sem fanatismo, partidarismo ou qualquer extremismo, com racionalidade, autocrítica e um desejo sincero de ver o melhor para nossa Bahia. Como todos sabem, a Bahia é o maior estado do Nordeste, com a segunda maior baía do mundo e a maior do Brasil. Possuímos a mais extensa faixa costeira do país: mar, dunas, cachoeiras, praias deslumbrantes, centros históricos, trilhas, sertão, grutas, religiosidade, bares e uma vasta rede hoteleira. A diversidade cultural e paisagística da Bahia nos dá a capacidade de ser uma referência no país. Com essa riqueza, poderíamos ser uma das maiores potências econômicas.
Mas por que não somos? A Bahia já foi o maior exportador de fumo do Brasil. Infelizmente, perdemos esse espaço para o Rio Grande do Sul, que hoje é o maior produtor de fumo em folhas, segundo o IBGE. Nossa agricultura tem perdido terreno até para nosso vizinho Sergipe, que outrora era considerado o “quintal da Bahia”.
Meus amigos e amigas, concidadãos baianos, contra fatos não há argumentos. A realidade que nosso estado enfrenta é alarmante. Com a economia em declínio, o governador Jerônimo Rodrigues já contraiu oito empréstimos, aumentando ainda mais a dívida do estado. E há imóveis públicos, como o antigo Centro de Convenções, que estão abandonados. Em junho de 2021, o estado enviou à Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) um projeto de lei para a venda de 27 imóveis, incluindo o antigo Centro de Convenções, e, de maneira autoritária, o ex-governador Rui Costa vendeu o Colégio Odorico Tavares, no valorizado Corredor da Vitória, em Salvador..
Rui Costa, o mesmo governador que indicou sua esposa para o cargo de conselheira do TCM-BA (Tribunal de Contas dos Municípios), está envolvido em diversas polêmicas, desde as negociações dos respiradores até os R$ 2,141 bilhões pagos como indenização pela saída da Ford, além da compra de uma de suas mansões na Graça. Entretanto, parece intocável, já que o Judiciário baiano é um dos mais corruptos do Brasil, segundo o Conselho Nacional de Justiça, que inclusive considera a possibilidade de intervenção no Judiciário da Bahia.
Enquanto o estado é dilapidado, a violência se agrava e rouba a paz da população. Chacinas acontecem diariamente, e a Bahia se tornou o estado mais letal do país. Bares, restaurantes, pousadas e outras empresas estão fechando em meio a uma onda crescente de violência. Até a boemia, que antes animava as noites baianas, foi sufocada pelo medo. Hoje, poucos têm coragem de sair à noite.
Galpões abandonados e áreas industriais se tornaram cemitérios de empreendimentos. Regiões como a Cia Ceasa e Valéria se transformaram em locais de desova, refletindo o total abandono. Sem incentivos para a instalação de novas empresas, patrimônios públicos e privados estão se degradando, enquanto a economia local parece não ter salvação à vista.
A Bahia da violência, do desemprego e da criminalidade é também a que possui mais pessoas cadastradas em programas sociais do que trabalhadores com carteira assinada. Essa é a triste realidade da Bahia e do povo baiano. Bairros que outrora inspiravam versos e prosas, como Itapuã, agora se assemelham a Cracolândias. Lembra da Lagoa do Abaeté? O Parque Metropolitano do Abaeté, o Parque São Bartolomeu e o Parque de Pituaçu, reservas ecológicas de grande importância ambiental, estão abandonados e degradados, praticamente esquecidos. Isso é um verdadeiro crime contra o patrimônio socioambiental.
Mas a Bahia, dizem, vai bem! Pelo menos para aqueles que lucram com o caos da administração baiana. Milhões são investidos em propaganda e publicidade para criar uma fachada de progresso e prosperidade que não existe. Outdoors espalhados por estradas e rodovias tentam mascarar, ou pelo menos manipular, a percepção da realidade.
Chacinas diárias comprometem o futuro e espalham desesperança. Nas últimas Olimpíadas, apenas duas medalhas vieram para a Bahia, um reflexo da falta de apoio e incentivo ao esporte.
Parafraseando o baiano Gregório de Matos, nosso “Boca do Inferno”: “Triste Bahia! Ó quão dessemelhante estás e estou do nosso antigo estado!”
Fabiana Franco fabianadacruzfranco@gmail.com Whatsapp: 71987507055 é filha de Camaçari, microempresária e pesquisadora social