O senador Cid Gomes assumiu a presidência do diretório estadual do PDT no Ceará nesta quinta-feira (13), com o objetivo de superar o rompimento com o PT em 2022. Ele indicou que pretende enfrentar internamente os dissidentes, incluindo seu irmão e ex-ministro Ciro Gomes (PDT), dentro das instâncias partidárias.
A ascensão de Cid ao comando do partido foi resultado de um acordo mediado pelo presidente licenciado do partido, o ministro da Previdência Carlos Lupi.
O acordo prevê que o deputado federal André Figueiredo deixe a presidência por quatro meses, período em que Cid Gomes assume para tentar estabilizar o partido e resolver os conflitos internos. No próximo ano, Figueiredo reassumirá a presidência do PDT no Ceará.
Cid Gomes chegou à sede do partido em Fortaleza por volta das 16h30, acompanhado por deputados aliados, e se reuniu com os demais representantes da executiva, com uma reunião longa prevista.
Levou cerca de uma hora para que seu nome fosse confirmado como presidente e mais duas horas para que as primeiras definições do partido em relação às eleições municipais de 2024 fossem acordadas.
Os dissidentes do partido, incluindo seu irmão Ciro Gomes, não compareceram à reunião. Eles têm reservas quanto a uma aproximação do PDT com o governador Elmano de Freitas (PT). O nome mais próximo desse grupo era André Figueiredo, que moderou seu discurso e indicou apoio a uma aproximação com o PT.
Ao ser questionado sobre a divisão interna do partido, Cid Gomes evitou falar sobre seu irmão e afirmou que qualquer divergência interna será tratada de forma respeitosa dentro das instâncias do partido.
Ele defendeu o acordo que o levou à presidência interina do diretório estadual do PDT e afirmou que não há vencedores ou perdedores.
Segundo Cid, há uma falta de definição sobre a posição do PDT na política estadual, o que deixa as lideranças inseguras. Ele pretende, de forma coletiva, dar um direcionamento ao partido.
Cid destacou que há um sentimento majoritário no partido de superar a divisão que levou ao rompimento com o PT nas eleições de 2022 e buscar um realinhamento de forças.
O governador Elmano de Freitas também tem trabalhado nesse sentido, segundo Cid, ao considerar seu governo uma continuação do projeto político iniciado com o PDT em 2007, quando Cid foi eleito governador com o apoio do PT.
Em relação aos grupos dissidentes, incluindo seu irmão Ciro Gomes, Cid afirmou que permitirá que eles expressem suas opiniões e participem da disputa interna do partido. Ele usou uma metáfora familiar para afirmar que a maioria deve prevalecer.
Cid traçou um plano de trabalho para os próximos meses, que inclui a organização de uma comissão para conversar com partidos aliados, identificar potenciais candidatos a prefeituras municipais no Ceará e fortalecer a organização interna do partido.
Uma das principais questões em aberto está em Fortaleza, onde o prefeito Sarto Nogueira (PDT), mais próximo de Ciro, deseja concorrer à reeleição, mas não tem o apoio do PT nem da ala pedetista ligada a Cid Gomes.
O partido enfrenta conflitos internos no cenário municipal. O presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Evandro Leitão (PDT), está se movimentando para concorrer ao cargo de prefeito.
O diretório nacional do PDT, atualmente liderado por André Figueiredo, afirma que a candidatura de Sarto está garantida e que o prefeito só não concorrerá à reeleição se não quiser.
Cid Gomes afirmou que disputas internas são naturais e é necessário lidar com elas de forma respeitosa. No entanto, ele ressaltou que trabalhará por uma candidatura em Fortaleza que una o PDT e o PT.
Desde as eleições de 2022, a relação entre os irmãos Ciro e Cid Gomes (ambos do PDT) tem sido tensa. Ciro obteve o quarto lugar na disputa pela presidência, seu pior resultado nas quatro vezes em que concorreu ao cargo, sem o apoio de Cid.
Por sua vez, Cid foi mais ativo na campanha do atual presidente, Lula (PT), no segundo turno. Meses após as eleições, os dois irmãos voltam a se encontrar em lados opostos.
Ciro afirma ter sido abandonado por Cid, que priorizou uma aliança com o PT e com o ex-governador do Ceará e atual ministro da Educação, Camilo Santana (PT). Cid não se envolveu na candidatura do irmão como fez nas eleições anteriores, quando coordenou sua campanha.
Em uma entrevista ao jornal Folha de S.Paulo no início do mês, Cid refutou as reclamações de Ciro e negou ter traído o irmão.
Ele afirmou que não houve traição, pois avisou que não se manifestaria sobre as eleições estaduais. Cid fez referência à declaração de Ciro de que foi atacado por ele pelas costas durante o processo eleitoral.
Após as trocas de farpas, os irmãos participaram de uma reunião virtual mediada pelo diretório nacional, na qual foi costurado o acordo que levou Cid a assumir o comando do PDT no Ceará até 2024.