Nesta quinta-feira (20), o presidente Lula (PT) reafirmou seu apoio ao deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) na corrida pela Prefeitura de São Paulo em 2024.
O compromisso foi reforçado durante uma conversa com Boulos pouco antes da cerimônia de sanção do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) no Palácio do Planalto. Lula organizou a cerimônia para demonstrar seu respaldo ao aliado e fortalecer sua candidatura.
Essa declaração de apoio ocorre em um momento em que alguns membros do PT questionam a viabilidade da candidatura de Boulos. A conversa entre Lula e Boulos foi testemunhada pelo ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), que já foi candidato ao governo de São Paulo.
Boulos foi o relator do projeto do PAA na Câmara, que estabeleceu que pelo menos 30% dos recursos destinados à compra de alimentos por órgãos, empresas públicas e entidades da administração pública deverão ser usados para adquirir produtos de agricultores familiares. A cerimônia de sanção do projeto contou com a presença de alguns ministros.
O acordo para a candidatura de Boulos à Prefeitura de São Paulo em 2024 foi firmado no ano anterior. Ele abriu mão de concorrer ao Palácio dos Bandeirantes em apoio à candidatura do hoje ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), em troca do apoio de Lula e seu partido na eleição seguinte.
Durante a conversa, Lula enfatizou que eles precisam trabalhar juntos para construir a candidatura de Boulos. O deputado respondeu que tem discutido o assunto com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e espera que a formação da chapa, incluindo o candidato a vice, seja consolidada até o final do ano.
Gleisi também reafirmou publicamente o compromisso do PT em apoiar a candidatura de Boulos. Ela enviou uma mensagem ao grupo de petistas que é contrário ao nome de Boulos, destacando que qualquer indecisão apenas favorece a atual candidatura à reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e a direita.
Essas dúvidas sobre o acordo para lançar Boulos como candidato à prefeitura são lideradas pelo secretário de Comunicação do PT, Jilmar Tatto, pelo secretário de Relações Internacionais, Romênio Pereira, e pelo deputado federal Washington Quaquá (RJ), vice-presidente do partido.
Gleisi lembrou que, na época em que o acordo foi firmado no ano anterior, nenhum membro do partido questionou a decisão. Ela expressou sua confiança de que essa é uma oportunidade de reverter a atual situação em que a direita está dominando. Além disso, enfatizou que o PT não possui um nome natural para a disputa.
Em dezembro do ano passado, após sua eleição, Lula reforçou seu apoio a Boulos e destacou que qualquer pessoa que se opusesse a esse projeto estaria contra ele, contra Gleisi e Luiz Marinho (presidente do diretório paulista do PT).
A pré-candidatura de Boulos tem movimentado as peças no tabuleiro político, causando preocupações na direita, que receia o avanço do deputado na prefeitura, uma cidade que já elegeu Haddad e Luiza Erundina (PSOL-SP).
Por exemplo, o PL de Jair Bolsonaro tem considerado apoiar a candidatura à reeleição de Nunes por medo do avanço de Boulos. Nunes assumiu a prefeitura de São Paulo após o falecimento do tucano Bruno Covas (PSDB), de quem era vice até 2021, quando Covas faleceu devido a um câncer.