O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou duramente, ontem, em Luanda, o Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) — do qual o Brasil postula fazer parte como membro permanente. Para ele, o organismo é um fator de insegurança mundial por causa da política externa de seus próprios integrantes. Conforme avaliou, aquele que “deveria ser a segurança da paz e da tranquilidade, é o que faz a guerra sem conversar com ninguém”.
“A Rússia vai para a Ucrânia sem discutir no Conselho de Segurança. Os Estados Unidos vão para o Iraque sem discutir no Conselho de Segurança. A França e a Inglaterra (na verdade o Reino Unido) vão invadir a Líbia sem passar pelo Conselho de Segurança. Ou seja, quem faz a guerra, quem produz arma, quem vende armas são os países do Conselho de Segurança. Está errado”, afirmou.
Para Lula, o Conselho de Segurança da ONU não representa a diversidade de forças geopolíticas existentes atualmente. “Estou há mais de 15 anos brigando pela participação no Conselho de Segurança. Agora, vou falar com o meu amigo (Joe) Biden: ‘Você pode tratar de começar a defender o Brasil’. Os Estados Unidos nunca disseram ‘não’ perto de mim, mas também não disseram que ‘sim’. Eles não querem que a gente entre, mas acho que vão mudar. A gente vai brigar com eles para entrar”, garantiu. Lula e Biden se encontrarão em Nova York, em setembro, na cerimônia de abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas.
Dívida impagável
Em entrevista coletiva na capital angolana, o presidente propôs, também, que a dívida dos países africanos com o Fundo Monetário Internacional seja revisada. Para ele, isso poderia ser feito anulando-se o valor a ser pago — algo que, como disse, considera improvável —, estendendo o prazo de ressarcimento ao FMI ou investindo o montante em obras de infraestrutura para o desenvolvimento dessas nações. Lula lembrou que a África, como um todo, deve US$ 760 bilhões ao fundo.
“Essa dívida vai ficando impagável porque o dinheiro do orçamento nunca dá para pagar, e o problema vai sempre aumentando. Qual é a lógica? É tentar sensibilizar as pessoas que são donas dessas dívidas para que sejam transformadas em apoio à infraestrutura. O dinheiro da dívida, ao invés de ser pago, seria investido em obras de infraestrutura”, sugeriu.
Fonte: Correio Braziliense