Vereadores de Ibicaraí continuam a driblar a opinião pública e resistem a tomar uma medida oficial para instaurar a investigação sobre o escândalo dos gastos de combustíveis.
Na última sessão, alguns vereadores foram aos microfones bradar transparência, mas era tudo fingimento. Foram ouvidos discursos, alguns deles empolgados, de Edy da Vila, Alam do Bairro Novo, Dodô da Huanna, Du Artes, Silvana Santana, Aroldão e Lió. Mas, na prática, não passaram de palavras ao vento. Em vez de discursos, o que é necessário é apenas uma assinatura de requerimento.
O pedido de abertura de uma Comissão Especial de Inquérito necessita apenas da assinatura de um único vereador. Nenhum daqueles que encheram a boca para falar de honestidade e pedir respeito à Câmara teve coragem, até agora, de assinar o pedido daquela que ficou conhecida desde o ano passado como CPI da Querosene. A história surgiu há quase um ano e, devido à força das evidências, se recusa a morrer.
Feito o pedido com assinatura de um vereador, qualquer um deles, o passo seguinte seria ao menos mais três vereadores aprovarem a instalação oficial da investigação. A partir daí a Câmara passa a ter poderes para aprofundar o inquérito.
Uma investigação precisa de quebra de sigilos, incluindo bancários, e alguns depoimentos de motoristas, donos de carros locados, pessoas do posto de abastecimento e também do setor administrativo que cuida do preenchimento e registro da documentação. Sem esses passos, não há o que poderia ser chamado de verdadeira investigação.
A secretária da Educação, Miriam Andrade, ir à Câmara para falar sobre assuntos aleatórios é só uma forma de empurrar a questão com a barriga até que tudo acabe no dito pelo não dito.
O que houve, até agora, foram averiguações informais, que, ainda assim, apontaram indícios fortes vazados para opinião pública e que seriam mais que suficientes para deflagrar a investigação oficial.
Mas, em vez de assinar o pedido oficial, mais de um vereador preferiu passar panos quentes, falando em “erros de digitação”.
E que erros de digitação seriam esses? Nas notas do abastecimento, segundo esses indícios, aparece um carro pequeno sendo abastecido com diesel.
Como o programa Trocando em Miúdos, da Rádio Palestina FM, detalhou nesta segunda-feira (10), os gastos com diesel estavam sendo atribuídos a um Palio com placa de Teixeira de Freitas.
Coincidentemente, há um ônibus parado há mais de ano em Ibicaraí que tem a placa com numeração semelhante à do Palio, apenas trocando um único número, segundo detalhou o programa conduzido por Klaus Farias e Roberto Silva.
Esse foi o erro de digitação que mais de um vereador usou para justificar a defesa disfarçada que faz da atual administração, enquanto bradam transparência.
Agora, além da investigação sobre o gasto suspeito de combustível, uma outra desconfiança precisa ser esclarecida: por que há tantos vereadores desinteressados na abertura da investigação, falando tanto em transparência, mas ignorando fazer o pedido oficial de inquérito?
Sheila Vieira dos santos