Uma das vítimas de Caique de Castro Santos, 31 anos, condenado a 9 anos e 4 meses de prisão por extorquir e roubar homens gays que conhecia através de aplicativos de relacionamento, em Salvador, contou que durante o julgamento o bandido não mostrou arrependimento. Caique negou o golpe, o que deixou as vítimas indignadas, mas a condenação foi considerada um alívio. “Se ele fosse solto eu ia mudar de cidade”, contou.
O acusado participou do julgamento de forma virtual, o que evitou que as três vítimas e a testemunha de acusação arroladas no processo ficassem cara a cara com Caique. A defesa dele negou o crime, mas não apresentou testemunhas. Um homem de 42 anos, uma das vítimas extorquida e roubada, contou que ficou tenso no início do processo.
“A juíza explicou que ele participaria por videoconferência e que não teria como ver a gente. Ele não mostrou arrependimento e, quando negou o crime, eu fiquei indignado. Foi revoltante ver a cara de pau dele. A condenação foi um alívio, porque eu estava tenso com medo dele ser liberado. Estava tendo pesadelos com isso”, afirmou.
A prisão foi em setembro de 2023 e a vítima conta que ainda tem medo de deixar as pessoas se aproximarem. Na época, o homem disse que sentia vergonha e medo depois de ter sido vítima do golpista. Ele contou que não buscou terapia, mas tem recebido apoio dos amigos e que está tentando retomar a rotina.
Na época da prisão, Caíque era casado e pai de três filhos. Segundo a vítima, o advogado do acusado teria abandonado o caso após a condenação. O CORREIO ainda não conseguiu contato com a defesa do condenado.
Crime
A prisão ocorreu em 5 de setembro do ano passado. Três vítimas, que não se conheciam, relataram em juízo como Caíque agiu e o modus operandi foi o mesmo. O contato começava por aplicativos, o encontro era marcado na casa da vítima e, depois da relação sexual, Caíque dizia ser garoto de programa. Ele exigia que as vítimas fizessem um pagamento e ameaça de morte quem se recusava.
De duas vítimas ele cobrou R$ 550 e de outra R$ 1.100. Em dois casos, ele levou o celular como garantia para ter o pagamento, o que configurou roubo e extorsão. Os golpes foram aplicados nos dias 22, 27 e 28 de agosto de 2023, em diferentes bairros da capital baiana.
A defesa não apresentou testemunhas e pediu absolvição por falta de provas e que, em caso de condenação, a pena de prisão fosse substituída apenas por restritivas de direito, que são as conhecidas penas alternativas, como prestação de serviços à comunidade e interdição de direitos.
No dia 16 de maio, a juíza Jacqueline de Andrade Campos publicou a decisão em que afirma que as provas apresentadas são suficientes, lembra que a prisão foi em flagrante e que o acusado ameaçou as vítimas de morte através de redes sociais, além de roubar os celulares. Em uma das ameaças Caíque disse para a vítima que iria quebrar o braço do rapaz, que ele “pagaria com sangue” e frisou que sabia onde o homem morava.
Ele tinha 18 registros policiais e foi condenado por extorsão das três vítimas e por roubo do celular de duas delas. A pena ficou em 9 anos e 4 meses de reclusão em regime fechado e foi negado o direito de responder em liberdade. (Correio 24h)