Tem três maneiras do governador Jerônimo Rodrigues (PT) cooptar os partidos para sua reeleição : 1) vaga na chapa majoritária. 2) promessa de cargos no primeiro escalão. 3) garantir que tal secretaria vai continuar sob o comando das legendas aliadas.
Disse aqui na coluna do feriado de sexta-feira (15) que o lulopetismo da Bahia estava ensaiando uma composição com as três principais lideranças da sigla na majoritária : governador Jerônimo Rodrigues, senador Jaques Wagner, ambos buscando a reeleição, e o ministro Rui Costa na outra vaga para o Senado da República.
Essa arrumação só não é 100% puro-sangue petista porque deixa a vaga de vice como uma espécie de cafuné. Esse “carinho” já tem dono: o PSD do senador Otto Alencar, presidente estadual do partido.
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Ponto 1 – O deputado federal Diego Coronel (PSD), filho do senador Angelo Coronel, seria o vice de Jerônimo Rodrigues. Angelo pai desistiria da reeleição e seria candidato a deputado estadual com a promessa de apoio para assumir à presidência da Assembleia Legislativa.
Ponto 2 – O MDB dos irmãos Vieira Lima, Lúcio e Geddel, Avante do empresário Ronaldo Carletto e o PP do ex-deputado federal João Leão, um acordo envolvendo uma ou duas importantes secretarias.
Ponto 3 – A garantia de que as siglas aliadas vão continuar com seus cargos. O PSB e PCdoB, dois exemplos mais emblemáticos, já estão acostumados com o papel de coadjuvantes nas articulações visando o comando do cobiçado Palácio de Ondina.
O caminho do lulopetismo não é tão fácil assim, principalmente em relação ao MDB e Avante. Como irão se comportar suas lideranças diante desse “freio de arrumação” do PT ? Vão se rebelar ou reivindicar mais contrapartida ?
Quanto ao MDB, o partido não pode exigir muita coisa. Perdeu força depois do fraco desempenho de Geraldo Júnior na sucessão de Salvador, ficando em terceiro lugar, atrás de Kleber Rosa, candidato do PSOL.
O Avante não pode receber o mesmo tratamento dado aos comunistas e socialistas e outras agremiações partidárias rotuladas de “nanicas”. Lembrando ao caro e atento leitor que o Avante foi a legenda que mais cresceu no pleito de 2024. De quatro prefeitos eleitos em 2022 foi para 60 alcaides.
O governador Jerônimo Rodrigues tem a difícil missão de, além de apaziguar a base aliada, não criar nenhuma rusga com Jaques Wagner e Rui Costa. O relacionamento político do senador com o ministro da Casa Civil não é bom. Tem mais teatro do que sinceridade.
A oposição, liderada por ACM Neto, vice-presidente nacional do União Brasil, não pode comemorar o imbróglio governista. A formação da majoritária é também complicada. E ainda tem o fantasma da desistência. Uma decisão de ACM Neto de não disputar o governo da Bahia, dizendo sim ao convite do presidenciável Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, para ser seu vice na sucessão de Lula (PT).
Agora é esperar um pronunciamento de Ronaldo Carletto (Avante) e dos irmãos Vieira Lima (MDB) sobre a majoritária que vem sendo articulada nos bastidores, longe dos holofotes e do povão de Deus.